Caros concidadãos da Univ. do Minho...
... e planeta Terra,
Sem entrar na discussão sobre quanto tempo ainda nos resta de "petróleo barato" - e a julgar pelas tendências longas do preço do barril, talvez não seja assim tanto! - parece evidente que há todo o interesse em nos prepararmos para um tempo em que os custos de transporte dos alimentos encorajarão fortemente a sua produção local. Entretanto, passadas duas ou três gerações de acentuada terciarização da nossa sociedade, pode ter-se perdido capital humano precioso para uma readaptação ao novo paradigma: urbano/rural. Mesmo assim, muitas pessoas concordarão ainda que melhor do que o second-life ou o Farmville é uma farm que dá legumes reais e captura toneladas de CO2. E que melhor laboratório para esta experiência que... um campus universitário?
Interessado nestas questões, desloquei-me no dia 22 de Outubro a Paredes, onde se encontra em marcha a iniciativa «Paredes em transição». Jacqi Hodgson, membro da «Transition Network» e autora do livro "Totnes Energy Descent Action Plan" dava ali uma palestra. O objectivo da rede «in Transition» é fomentar uma transição gradual das comunidades locais para uma realidade em que o petróleo/gás serão cada vez mais escassos e caros. Aumentar a "resiliência" destas comunidades passa, então, pelo reforço da capacidade de produção de uma parte cada vez mais significativa dos seus alimentos (e vestuário?), adoptando processos energeticamente sustentáveis, procurando energias renováveis, etc.
Estou convicto de que muito do que ali foi dito e discutido, e ainda mais, pode ser feito no universo da Universidade do Minho, nomeadamente nos seus dois campii principais de Gualtar e Azurém. Uma das primeiras linhas de intervenção que se afigura viável poderá ser, desde já, o aproveitamento de alguns solos dos nossos campii para a instalação de "hortas pedagógicas", beneficiando também da experiência próxima da horta pedagógica da Câmara Municipal de Guimarães, em actividade há cerca de 2 anos.
A iniciativa UMinTransition pode igualmente proporcionar uma plataforma de investigação/inovação multidisciplinar com ênfase nas áreas da Energia, Engenharia, Economia, Ambiente, Agronomia. São imensas as possibilidades, uma vez lançadas mãos à obra: métodos sustentáveis de bombeamento e/ou tratamento de águas para rega; micro-geração; dinheiro electrónico para o mercado local de troca de produtos (à imagem da Totnes-pound), mas garantindo sempre a autonomia em relação às redes públicas de electricidade, gás e água.
Em Portugal, neste momento há duas iniciativas reconhecidas: Paredes e Pombal. A U.M. pode ser a terceira iniciativa e a primeira do sistema universitário. Ainda que apenas 1% da comunidade académica se mostre interessada na iniciativa «UM in transition», já teremos um grupo suficiente para avançar com um pedido de terras ao Magnífico Reitor. Aqui fica, pois, um convite a todos os interessados (professores, funcionários e alunos) para uma primeira reunião. Para o efeito reservei o anfiteatro B1.17 no campus de Azurém para a próxima 4ª feira, dia 3 de Novembro, a partir das 14h00. Assim ficaremos a conhecer o real interesse da nossa comunidade académica neste projecto e poderemos então analisar os passos a dar.
Saudações académicas,
Luis Botelho, DEI - escola de Engenharia da U.M.
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hoje...
amanhã?
In http://www.transitiontowntotnes.org/ «Transition Town Totnes (TTT) is a dynamic community-based organisation with near 40 local projects and 9 theme groups working to strengthen the economy and prepare for a future with less oil and a changing climate. TTT is community led and everyone is needed. »
nota final: Visitando aldeias do sertão angolano, verifica-se que um acesso sustentável a água e energia eléctrica pode fazer toda a diferença para aquelas populações, proporcionando-lhes qualidade de vida e acesso ao mundo sem necessidade de migrar para a "grande cidade". A direcção da missão de Tchindjenje (Huambo - angola) mostrou-se interessada em beneficiar em primeira mão dos resultados que venham a ser conseguidos com a nossa ACÇÃO PRÁTICA.
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