(email enviado em Cc: aos 3 departamentos de Direito da U.M., ao Dept. de Economia, ao Eng. Lobão dos serviços técnicos de Azurém e ao Prof. Naim da Eng. Civil, especialista em questões de água - a todos peço desculpa pela invasão do vosso espaço com estas preocupações de um pequeno grupo de "loucos" que decidiram lançar a cultivar hortas na universidade. Apenas o faço na esperança de que os assuntos que vos tragam possam de algum modo cruzar-se com interesses científicos vossos ou de colegas próximos. Assim, talvez o «laboratório» aberto que vimos criando possa servir para testar modelos vossos, ideias novas, ao mesmo tempo que nos ajuda a nós também e à sociedade que nos paga e pede respostas relevantes para os seus problemas actuais e futuros.)
A propósito de um email, que agradeço, do Nuno, cultivador das hortas em transição, aproveito a ocasião para partilhar por escrito com a comunidade «in transition» - e outras pessoas da comunidade universitária que nos poderão ajudar - algumas ideias e preocupações para as quais - estou certo - saberemos em conjunto encontrar respostas sustentáveis. Penso que é nossa responsabilidade, enquanto universitários, não nos darmos por satisfeitos com soluções que "desenrasquem" as nossas hortas sem apontar caminhos viáveis (eventualmente inovadores) para a "sociedade lá fora", especialmente quando esta deixar de poder contar com "petróleo barato" - por isso nos assumimos "in transition".
Começando pela questão da preparação da terra, quero dizer que já enviámos à Câmara de Guimarães uma carta pedindo que nos limpe o terreno com uma máquina, quando puder. Sei que o Presidente despachou favoravelmente «sem prejuízo do serviço normal». Não sabemos para quando será e, como já estávamos há tanto tempo há espera disto e daquilo, decidimos avançar com a demarcação. Se entretanto a máquina vier, não há problema. Tira-se os nossos marcos e torna-se a pôr na mesma posição.
Quanto à água, a questão é mais difícil e exige-nos pensamento. Na reunião que tivemos na reitoria o assunto foi abordado. Foi discutida a possibilidade de recorrer à água do sistema de rega (concretamente em Gualtar). Mas também é verdade que existe um compromisso geral de a iniciativa «in transition» não onerar a Reitoria. Temos aqui, pois, alguns «constraints» contraditórios. Como podemos usar a água sem onerar a reitoria com um acréscimo de consumo? Podemos pensar num recurso temporário a água da rega dos jardins, enquanto desenvolvemos uma outra solução mas... Além disso, os serviços técnicos informam que em Azurém há pouca disponibilidade de água, sobretudo nos meses secos. O ribeiro pode ser uma solução ou não:
- quanto à qualidade da água
................. com algum tipo de filtragem/decantação?
- quanto à quantidade
................. seca mesmo no verão? Então convinha ver como fizeram os donos das hortas a montante, ao lado do pavilhão da UM. Se fizeram poço ou furo, essa pode ser uma alternativa para nós, mas exige uma bomba eléctrica... Temos disponível um sistema eléctrico autónomo (50W eólico + 40W solar) que poderemos alocar para este fim, mas precisamos de instalações protegidas onde colocá-lo com 90W disponíveis, podemos alimentar uma bomba de 1Cv (745W) durante 24H * 90 / 745, ou seja, 3 horas por dia ;
Se a altura manométrica for de H=2m (água=>gama=1000) teremos Q = Pbmot * 70% / (2,72*10^-3 * gama * H) = 95 m3/h
(vd. também http://www.les.ufpb.br/portal/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=166&Itemid=30)
Para as "nossas" 3 horas teríamos 285 m3 de água disponível por dia, o que (a 0,3€/m3) poderia corresponder a um custo diário de aprox. 85€, se pagássemos água da companhia. Parece-me que estas contas são apenas indicativas pois provavelmente as nossas necessidades de água serão bem inferiores (nesta fase) e também há uma grande incerteza naquele parâmetro H. Desconheço o nível freático naquele local, embora saiba que na Eng. Civil há informação coligida sobre isso...
Bom, não vale a pena adiantar muito mais estes considerandos. Quis apenas lançar alguns tópicos para reflexão e partilhar com todos algumas linhas de ataque a um problema comum que tenderá a agudizar-se com a vinda do calor. Tenhamos a consciência de que não estaremos apenas a resolver o "nosso problema" mas também o de muita gente lá fora. A título de exemplo, direi que me chegou ao conhecimento a situação das pessoas que no Gerês se debatem com imensas dificuldades legais para tentar melhorar o aproveitamento dos recursos hídricos (rega, energia, segurança face a incêndios) diante das tutelas do Parque Nacional, da Administração Regional da Água, da Direcção de Agricultura, Protecção Civil, etc. Teremos também nós de abordar estas instituições e ajudar a "desbravar caminho"?...
saudações académicas em transição
Luís Botelho
Dadas as condições do terreno, com bastantes ervas daninhas perenes e com diâmetros de caule já bastante grandes talvez fosse melhor averiguar o método mais rápido e prático para preparar os talhões, para que se possa começar a trabalhar de seguida.
Digo isto por causa de experiência anteriores com o mesmo problema- com raízes tão grossas e profundas uma pequena mecanização (corte com roçadoura, passagem com moto-enxada) prepara-o de uma só vez e depois podemos manter o espaço indefinidamente.
Pensei que talvez fosse possível solicitar esse serviço aos Espaços Verdes da Câmara, já que lá vou passar amanhã peço um orçamento e averiguo a disponibilidade.
Existe uma autorização por parte da UM para que possam entrar pessoas para fazer este serviço (também se pode contactar uma empresa)? Que agendamento será mais conveniente?
Outra questão é o abastecimento de água, que é bastante importante uma vez que o caudal e a qualidade de água do ribeiro não permite a rega no Verão. Existe alguma possibilidade de fazer uma ligação ao sistema de rega da UM (com pagamento, claro)?
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